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Provavelmente o nome no título deste post, e o próprio título, pouco ou nada vos dirão!
Digo-vos que, em síntese, significaram para mim ainda ontem a melhor imersão no berço da cultura europeia, experienciada in loco, ali mesmo onde os deuses viviam os filósofos meditaram e reflectiram, e os oráculos auguraram.
Precisemos:
Elefterios Venizelos, em grego Ελευθέριος Βενιζέλος, foi talvez o mais importante político grego da modernidade que se destacou no levante cretense contra o Império Otomano em 1897, durante o qual liderou uma força anti-otomana num esforço para unir a ilha à Grécia. Um congénere do idolatrado turco Ataturk.
Mas foi também o seu nome que baptizou o novo aeroporto internacional de Atenas, inaugurado para os Jogos Olímpicos de 2004, onde tenho o infortúnio de passar todos os anos algumas horas, esperando uma ligação entre aviões, em condições físicas particularmente penosas.
É um aeroporto esteticamente feio, desconfortável, muito movimentado, desorganizado e barulhento.
Pois ontem, no meu regresso de duas semanas em Mykonos de muita praia, muito degrau, muitos copos, pouco sono e alimentação pouco mais que sofrível, e práticamente de directa, ou seja, de rastos, ali me encontrava eu quando constatei que à espera de 3 horas se juntava mais uma hora de atraso do vôo da Iberia para Madrid.
Foi então que, à saída de uma ida à casa de banho para um cigarrito clandestino, deparei numa gate vazia com duas cadeiras como as da fotografia, lado a lado, das quais me aproximei a medo pelo ar de instrumento medieval de tortura em masmorra que apresentam.
Rodeeei-as, cheirei-as, vi que num dos braços tinham um controle remoto, constatei que ostentavam uma ranhura para introduzir moedas, confirmei que tinha trocos, assegurei-me que as imediações estavam quase desertas, e depois de um momento de hesitação pensei "the fuck with it"!
Sentei-me a medo e pus os 2 euros, para 4 minutos!
O que se seguiu foi casi una experiencia religiosa!
Nas entranhas do encosto de cabedal começaram a movimentar-se circular, horizontal e verticalmente uma série generosa de esferas rígidas que percorriam vigorosamente as minhas costas, do rabo à nuca e das inxúndias à coluna, ao mesmo tempo que o assento vibrava com torpôr, e os músculos anteriores das pernas eram abraçados por abas laterais que os comprimiam e soltavam cadenciadamente, tudo em simultâneo e numa conjugação ritmada de movimentos com velocidades diferentes que, num ápice, puseram todo o meu corpo em convulsão.
A sensação foi tal que não consegui, literalmente, reprimir aquele sorriso involuntário com tendência para evoluir para o riso, que nos inunda todo o semblante, e que só ocorre quando causado por qualquer coisa que escapa absolutamente ao nosso controlo, e que bem me embaraçou quando vi que estava a ser apreciado por dois jovens viajantes que sem eu notar se tinham entretanto sentado ali perto a a deleitarem-se com o meu prazer solitário.
Ao fim do primeiro minuto lá consegui controlar a minha reacção primária, processar mentalmente a situação, pegar no controlo remoto para tomar eu as rédeas do animal, fechar os olhos, abstrair da realidade circundante, e elevar-me ao Olimpo nos três minutos restantes que aqueles dois euros ainda me permitiam disfrutar, durante os quais verdadeiramente relaxei, descontraí o corpo, reergui o canastro. reflecti, meditei e quase atingi o nirvana.
Já tenho visto em mais aeroportos outros gadgets para ajudarem os passageiros em trânsito a passar o tempo ou simplesmente a gastarem trocos.
Mas este levou-me efectivamente até aos Deuses.
E reabilitou aos meus olhos o aeroporto de Atenas!
Para o ano a ver se marco um vôo para um bocadinho mais tarde...
Obrigado Elefterios Venizelos!