segunda-feira, 17 de novembro de 2008

AS PARTIDAS DO CÉREBRO

Na semana passada comeu-se cá em casa o primeiro bolo rei do ano. E, no mesmo dia, foi inaugurada a decoração de Natal do Cristo-rei, que se vê da minha casa de jantar, o que foi objecto de comentário.
Pois durante o jantar, por duas ou três vezes, quis dizer Cristo-rei e saiu-me bolo rei.
Não sou disléxico nem trapalhão, tenho razoável fluência de linguagem !
Mas não consegui evitar que isto acontecesse !
Há uma actividade meramente mecânica do cérebro que podemos controlar mas, pura e simplesmente, não controlamos, que geralmente nos facilita a vida, mas às vezes nos prega destas partidas ...
Naquela noite, deu a louca na gavetinha da minha cabeça onde estão guardados os termos compostos com a palavra "rei" em segundo lugar, ou os termos e ideias referentes ao Natal, ou ambos, ou se fundiu um fusível de função, ou houve um curto-circuito, ou nada disso e estou apenas senil, alguém me explique.
Ocorre-me agora que já várias pessoas me relataram que quando têm que ler um texto em público, às vezes vão ainda nas primeiras linhas da folha, mas pressentem logo que lá mais para baixo há uma certa palavrinha atrevida em que vão tropeçar, a ideia apodera-se delas, a palavra nada tem de difícil ou especial, mas a verdade é que quando lá chegam acabam sempre por se espalhar ao comprido.
Ocorre-me também que ás vezes na rua vejo ainda ao longe um estranho com quem me vou cruzar daí a a escassos segundos, vem-me ao espírito a possibiliade de colisão, e o facto é que quando chega o momento do cruzamento sou magneticamente atraído para cima dele; e em seguida, para piorar, geralmente desviamo-nos os dois para o mesmo lado, prolongando ainda mais o embaraço da situação. 
O pior é que eu já sabia desde lá de trás que aquilo ia acontecer, e mesmo assim não fui capaz de evitar !

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