segunda-feira, 6 de outubro de 2008

FROM RUSSIA WITH LOVE

Entre o fim da guerra fria e o início da era do terrorismo, a América gozou de propsperidade económica e ocupou-se, básicamente, do sexo oral que se fazia na Sala Oval.
Aprés ça, le déluge!
Já da Rússia foram vindo fortes sinais de grande vitalidade, cuja conjugação e harmonização julgo escaparem à compreensão integral da generalidade dos observadores.
Dúvidas não há de que, do velho império soviético, se reergueu uma grande e séria nova potência mundial.
Gorbachov foi notável, e agora que o julgava retirado, voltou para liderar um partido de oposição a Putin.
Este, por sua vez, mero ex-agentezeco do KGB, tomou em força as rédeas da nação após Boris Ieltsin, junto de quem se insinuou penso que já com estratégias de longo prazo.
Da presidência retrocedeu para o cargo de Primeiro Ministro, manipulando o fantoche Medvedev a seu bel-prazer, assim continuando a liderar os destinos da Federação dos seus dois lugares cimeiros.
Definiu uma clara estratégia em relação aos estados da antiga URSS, dando independência a uns e negando-a a outros, mas mantendo-os sempre num grau de dependência energética e de segurança que garante a sua hegemonia na região.
Compreendeu, antes de todos, como gerir os seus recursos energéticos por forma a poder falar de alto com a UE.
Não descurou, muito pelo contrário, os investimentos em matéria de defesa militar.
Soube bater o pé quando os EUA quiseram arvorar-se em única potência nundial à porta das suas fronteiras, e ali tentaram fazer demonstrações de força.
Revelou ser exímio na diplomacia internacional, ao acenar com o trunfo Hugo Chávez como possível aliado estratégico contra os americanos.
Fez correr rios de tinta sobre a possibilidade de reedição da guerra fria.
Tem-se marimbado para os mediadores, fazendo exactamente o que quer, na ofensiva contra a Geórgia, a pretexto da Ossétia do Sul.
Não se mostrou sequer preocupado com a ameaça de expulsão do G8!
Deve ser exímio jogador de poker!
Não assumiu posições explosivas no Médio Oriente.
Não se livra das suspeitas de ter mandado envenenar o candidato presidencial ucraniano Victor Yushchenko, que não era o seu preferido nas primeiras eleições democráticas daquela nova República.
Como não se livra das suspeitas de ter mandado envenenar Alexander Litvinenko, desertor da KGB naturalizado inglês, por receio de revelações incómodas.
Como não se livra, ainda, de ter ameaçado e mandado assassinar Anna Politovskaya, incómoda jornalista da Novaya Gazeta, que denunciou as atrocidades cometidas pelos russos na guerra da Chéchnia.
Surpreendentemente, na semana passada chegou a notícia de que o Præsidium do Supremo Tribunal da Rússia, a pedido da Grã-Duquesa Maria Vladimirova, exilada em Madrid, resolveu reabilitar o último dos Romanov, o Czar Nicolau II, como vítima da repressão bolchevique, que foi mandado fuzilar, juntamente com a Mulher e as filhas, em 1918 por Lenine por motivos políticos.
Reabilitação essa já anteriormente feita pela Igreja Ortodoxa Russa, ao canonizar toda a família daquele Czar.
Temos, pois, seguramente, uma Federação Russa forte, dinâmica, que sabe o que quer e para onde vai, se reconcilia com o seu passado imperial, não abdica da hegemonia na região nem do seu lugar entre os primeiros no planeta, governada com pulso de ferro, ainda não muito preocupada com a transparência e a legitimidade nos mecanismos e circuitos do poder, atenta e cooperadora com a China, a Índia e o Irão, com quem mantém uma entente cordiale, económicamente robusta, energéticamente preparada para as crises do século, e que tem um papel principal na Nova ordem Mundial que, neste preciso momento, se está a esboçar.
Enquanto isso, na América toda esta fervilhante Rússia parece passar ainda um bocadinho ao lado da agenda política.
Sobretudo da inenarrável Sarah Palin!
Julgo que devemos no futuro próximo estar muito atentos aos novos ventos de leste!
Já que a ocidente, nada de novo...

Sem comentários: